Combate à Covid-19

Pesquisadores criam, recuperam e adaptam respiradores em Santa Maria

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Respirador que foi recuperado pelo projeto

Em busca de soluções que contribuam para combater ou amenizar os impactos da Covid-19, e mesmo com as aulas suspensas, grupos de pesquisa de instituições de Ensino Superior de Santa Maria continuam atuando. Um grupo de professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e de médicos da cidade criou um projeto para recuperar, adaptar e desenvolver novos respiradores. Já um docente da Universidade Franciscana (UFN) desenvolveu um software que detecta um possível paciente contaminado com Covid-19 por meio de Raio-X.

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UFSM

Um grupo de professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem trabalhado para auxiliar Santa Maria em uma das principais demandas hospitalares durante a pandemia de coronavírus: a de respiradores. Para isso, os docentes do Centro de Tecnologia João Carlos Lima, Benhur Stein, Celio Trois e João Vicente Ferreira, ao lado dos médicos Marcos Tassinari e Odilon Vianna, estabeleceram três frentes de atuação, a recuperação, a adaptação e o desenvolvimento de modelos baratos desses aparelhos.

João Carlos conta que a ideia de iniciar o projeto surgiu a partir de uma conversa com um médico. Eles chegaram à conclusão de que a luta contra a propagação da doença precisa ser modernizada.

- Estamos combatendo o coronavírus da mesma forma que combatemos a gripe espanhola, há muitos anos, sem tecnologia - fala o professor.

Neste momento, o grupo possui, em estágio avançado, o protótipo BalAir I, que serve para automatizar o funcionamento do Ambu, equipamento manual de respiração presente em UTIs e ambulâncias. O dispositivo comprime o "balão" do Ambu, sem a necessidade de um profissional para realizar esta tarefa de forma braçal. Segundo João Carlos, o custo de produção do BalAir I gira em torno de R$ 750.

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BalAir I, que automatiza o funcionamento dos respiradores manuais

RECUPERAÇÃO

Em paralelo, um grupo de 20 pessoas, ligadas ao Centro de Tecnologia e ao Colégio Técnico Industrial de Santa Maria (Ctism) atuam na recuperação de respiradores descartados. Um aparelho que pertencia a uma empresa privada já foi consertado e, nesta terça-feira, mais quatro devem chegar às mãos da equipe para serem recuperados. Os itens podem ser encaminhados tanto de hospitais privados quanto públicos.

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BalAir II, aparelho de respiração simples, baseado em modelos antigos

CRIAÇÃO

Ao mesmo tempo, os docentes pensam na criação de um respirador de baixo custo, baseado em modelos antigos, mas que também possam ser usados no tratamento de pacientes com dificuldades respiratórias causadas pelo coronavírus.

O chamado BalAir II não utiliza o Ambu. De acordo com o professor João Carlos, ele seria um "respirador por completo" e não apenas um "automatizador", como o BalAir I.

- Nossa intensão é fazer um produto simples, não pretendemos competir com a indústria. No momento, porém, priorizados o BalAir I, que utiliza o Ambu - complementa o professor Benhur.

João Carlos diz que a UFSM não tem condições de fazer uma produção em série dos equipamentos. A instituição foca na pesquisa e vai disponibilizar os conhecimentos gerados com os testes executados até agora para empresas que queiram investir nos itens.

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TECNOLOGIA
Em fevereiro, o professor Mirkos Martins, da UFN, começou a trabalhar no desenvolvimento de um software que ajuda a detectar um possível paciente de Covid-19 por Raio-X. A iniciativa busca auxiliar na triagem de casos suspeitos, utilizando o equipamento como exame primário. 

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- Como sou pesquisador da pós-graduação em nanociências, nesse período de isolamento, passei a ler vários artigos e pesquisas pelo mundo sobre a Covid-19. Iniciei o acompanhamento da doença lá pelo dia 15 de fevereiro, e um dos trabalhos que li falava da análise de raio-x através de inteligência artificial. A partir daí, a coisa começou a ganhar forma - explica.

A validação do programa e dos resultados é feita com a colaboração do setor de radiologia de um hospital da Passo Fundo. Também deve ser confirmada, nos próximos dias, a adesão de um hospital de Bagé. Martins conta que recebeu contato de um médico chileno demonstrando interesse em auxiliar no projeto.

O professor da UFN pretende apresentar o programa ao governo do Estado ainda nesta semana. A intenção, segundo Martins, é distribuir a solução, de forma gratuita, a todo estabelecimento de saúde envolvido na triagem.

- O projeto é uma ferramenta de auxílio. De modo algum deve substituir a opinião final dos especialistas de saúde. O trabalho de triagem via Raio-X demonstra uma possibilidade barata para acrescentar um item na separação dos casos positivos daqueles negativos para a Covid-19 - complementa.

Todo o desenvolvimento foi feito utilizando ferramentas e softwares "Open Source" e sem custo. A proposta é permitir sua disseminação para o maior número possível de interessados da área de saúde, hospitais, clínicas ou consultórios.

*Colaborou Rafael Favero

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